Introdução dessa página 
Analisar a viabilidade econômica-financeira de um projeto significa  estimar e analisar as perspectivas de desempenho financeiro do produto  resultante do projeto. Essa análise é de certa forma iniciada na própria  definição do portfólio, na fase de Planejamento Estratégico do Produto  (PEP), pois, ao escolher um dos produtos para ser desenvolvido,  acredita-se, que com os dados disponíveis até então, na viabilidade  econômica-financeira de seu projeto. A estimativa de orçamentos para o  projeto, resultante da atividade anterior, serve para trazer uma  estimativa dos níveis de preço final do produto, que o tornaria viável e  cobriria os custos envolvidos.
Fontes
Os conceitos e definições utilizados na criação desta análise, em grande  parte, foram elaborados a partir do livro “Gestão de Desenvolvimento de  Produtos: Uma referencia para a melhoria do processo.” do Prof.  Henrique Rozenfeld. Outros conceitos e métodos de análise  econômica-financeira utilizados foram retirados de artigos e livros  relacionados à engenharia econômica.
[1]Gestão agroindustrial: GEPAI: Grupo de estudos e pesquisas  agroindustriais/ coordenador Mário Otávio Batalha. - vol.2 - 3. ed. -  São Paulo: Atlas, 2001
[2]MARTINOVICH, M. Como gerenciar o capital de giro. Agenda do Empresário. São Paulo, nO 11, p. 1-6, 1996.
Definições
Na presente atividade do Planejamento do Projeto, são definidos os  principais indicadores financeiros do projeto relacionados com o produto  final, tais como o custo-alvo do produto, as previsões de retorno do  investimento e a análise de suas características, o Valor Presente  Líquido – VPL, a Taxa Interna de Retorno – TIR, Método do payback e o  Fluxo de Caixa esperado com o novo produto.  
Essa análise da viabilidade econômica-financeira realizada durante o  Planejamento do Projeto é a referencia inicial para as fases seguintes,  no desenvolvimento do produto propriamente dito, torna-se um dos  critérios mais importantes para se manter a decisão de executar o  projeto.  
Existe a necessidade de uma revisão periódica dessa analise ao longo do  projeto, pois na atividade de Planejamento do Projeto, estão disponíveis  apenas informações preliminares, e, portanto, passives de mudanças,  sobre o ambiente em que o produto irá ser inserido. À medida que as  fases do desenvolvimento vão ocorrendo, aproximam-se as condições reais  do momento de lançamento do produto, e, portanto, vão aumentando as  certezas quanto as características que o produto deve adotar, sua  atividade e receptividade no mercado, as condições desse mercado  (concorrência efetiva, surgimento de novas tendências, mudanças  econômicas etc), e sua relação quanto a preço/volume. Sendo assim, a  análise de viabilidade econômica-financeira pode ser refinada e  confrontada com a inicialmente planejada, para efeitos de aprendizado  quanto à capacidade de previsão no início de um projeto de DP.  
Essa revisão da viabilidade econômica-financeira ocorre ao final de cada  uma das fases do desenvolvimento do produto, juntamente ou não aos  gates. Pode também ocorrer a qualquer momento, quando grandes  modificações endógenas ou exógenas ao projeto assim demandarem, para se  verificar se o produto continuará financeiramente viável ou não.
Mecanismos
O principal elemento que justifica a existência de uma empresa é a  geração de lucro. Para os investidores, porém, não basta que o projeto  tenha um resultado positivo. Para um projeto de desenvolvimento ser  atrativo, é preciso que a quantidade de lucro gerado, o retorno do  projeto, seja melhor do que aquele que a empresa poderia obter com  outros investimentos, por exemplo, aplicando no mercado financeiro.  Portanto, a essência da avaliação econômico-financeira é medir o retorno  do projeto de maneira comparável com outros investimentos.  
O primeiro passo para a realização da análise econômica é a montagem do  fluxo de caixa, isto é, a definição do fluxo de entradas e saídas de  dinheiro durante o ciclo de vida planejado para o produto.  
 
Fluxo de Caixa
De acordo com Martinovich, fluxo de caixa é um instrumento gerencial  fundamental na tomada de decisões empresariais. Seus objetivos são a  coleta e a organização dos dados e a geração de subsídios, para a  análise de desempenho financeiro e para a realização de previsões  orçamentárias.  
Os três componentes principais de um fluxo de caixa são:
Investimento no novo produto: 
Corresponde aos gastos necessários para a geração de benefícios a longo  prazo. É a quantidade de dinheiro gasta para o desenvolvimento das  especificações e preparação para a produção do produto. Para determinar  os gastos com o investimento devem-se levar em consideração alguns  fatores:  
- Tipo de Projeto: Dependendo do tipo de projeto o investimento pode  ser maior ou menor. Ex.: Em projetos incrementais o investimento  necessário deve ser menor que o necessário em projetos radicais, pois  criam produtos e processos que são derivados, híbridos ou com pequenas  modificações em relação aos projetos já existentes. Já os projetos  radicais envolvem significativas modificações no produto ou processo já  existente, podendo requisitar novas tecnologias e materiais. 
 
- Disponibilidade de Recursos: São os gastos para adquirir recursos,  como: pessoas, máquinas, equipamentos, veículos, utensílios,  computadores etc; 
 
- Necessidades de adquirir: patentes, tecnologias e licenças; 
 
- Gastos com estudos, pesquisas de mercado, projetos e capacitação de profissionais; 
 
- Necessidade de possuir um capital de giro, inclusive para eventuais imprevistos. 
 
Uma forma de calcular o investimento é criar uma conta específica para  cada projeto, da qual sairiam todos os pagamentos e gastos efetuados. O  maior desafio é computar o custo de pessoa, principalmente para os  membros do time que dividem seu tempo entre vários projetos. É preciso  também definir claramente o momento em que os custos e receitas serão  calculados. Geralmente, esse momento é o final da aprovação do lote  piloto, pois, a partir desse momento, os produtos produzidos pela linha  poderão ser comercializados dando início aos dois outros componentes do  fluxo de caixa, as receitas e os custos e despesas de produção.  
 
Receitas: 
Corresponde a estimativa de venda de produtos e subprodutos gerados pela  produção. Para o cálculo dessa estimativa deve-se levar em consideração  fatores como: preço final e demanda dos produtos.  
- Preço final do produto: Esse valor vai depender do mercado, no qual  se deseja vender o produto, do produto produzido, e do lucro esperado  pelo fabricante. 
 
- Demanda dos produtos: Esse valor vai depender do produto (produtos  com alto valor agregado geralmente possuem um volume de venda menor), do  mercado e da fatia de mercado que esse produto almeja atingir, do preço  de venda, da analise locacional e de mercado. 
 
Para estimar a receita, é preciso estimar o valor da demanda dos produtos, em seguida, multiplicá-lo pelo preço final estimado.  
Além da receita gerada com as vendas outros fatores podem entrar na  receita, como: subsídios governamentais, financiamentos e valor residual  do investimento.
Custos e despesas de produção: 
São os valores gastos diretamente e indiretamente para a produção e comercialização do produto.  
Os custos são os gastos com um bem ou serviços utilizados para a  produção de outros bens. Os principais custos são os seguintes:  
- Matérias primas, embalagens, materiais auxiliares; 
 
- Mão-de-obra direta; 
 
- Consumo de energia elétrica, de água e de combustível; 
 
- Manutenção, seguros, aluguéis, diversos. 
 
As despesas são os gastos como um bem ou serviços utilizados para obtenção de receita. As principais despesas são:  
- Despesas com vendas, financeiras e administrativas; 
 
- Salários do pessoal administrativos; 
 
- Impostos e taxas municipais. 
 
Convém diferenciar custos e despesas de produção bem dos investimentos, o  que muitas vezes pode ser difícil. Por exemplo, os gastos de uma  operação na produção que visa produzir uma peça do protótipo é  investimento. O gasto da mesma operação em uma peça idêntica, após a  liberação do lote piloto, que será comercializada deve ser já apropriada  como custo direto, a ser contabilizado naquele produto específico.  
O intervalo para o cálculo do Fluxo de Caixa depende da duração do ciclo  de vida do produto. Um produto industrial em geral é planejado para  ficar alguns anos no mercado e, por isso, o período utilizado é  normalmente anual. Calculados esses valores, eles serão somados,  obtendo-se um valor final do fluxo de dinheiro esperado na empresa,  conforme apresentado no Gráfico 1, a seguir. 
Gráfico 1 – Exemplo de Fluxo de Caixa. 
Indicadores Financeiros
O Gráfico 1 representa uma previsão do montante de dinheiro que entrará  ou sairá da empresa em cada um dos períodos (no caso anos) do ciclo de  vida do produto. Para sabermos se esse projeto é viável ou não  economicamente, precisamos avaliar e comparar esse fluxo com outros  investimentos à disposição do dono da empresa. Nesse cálculo, deve-se  levar em consideração que o dinheiro possui um valor dependente do  tempo, isto é, receber R$500,00 hoje é diferente do que receber esse  mesmo valor no próximo ano. Portanto, utilizam-se índices financeiros e  parâmetros calculados com os dados do fluxo de caixa que permitem  comparações e análises do desempenho financeiro do projeto. A seguir são  apresentados três dos indicadores financeiros mais utilizados em  projetos de desenvolvimento de produtos.
Valor Presente Líquido - VPL
Método para análise de investimentos que determina o valor presente de  pagamentos futuros. Este método consiste em uma fórmula  matemático-financeira em que o valor dos investimentos e do fluxo de  caixa atual e futuro são convertidos para um valor equivalente na data  atual por meio de uma taxa de conversão. Esta conversão é devido ao fato  do poder aquisitivo do dinheiro sofrer alterações com o passar do  tempo.  
A taxa de conversão utilizada neste método é a Taxa Mínima de  Atratividade (TMA). A figura 1 apresenta a fórmula para o cálculo do  VPL. 
Figura 1 – Fórmula do VPL.
O Valor Presente Líquido de um projeto de investimento possui as seguintes possibilidades de resultado:  
- Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente  atrativo, pois o valor presente das entradas de caixa é maior do que o  valor presente das saídas de caixa. 
 
- Igual a zero: o investimento é indiferente, pois o valor presente  das entradas de caixa é igual ao valor presente das saídas de caixa. 
 
- Menor do que zero: indica que o investimento não é economicamente  atrativo porque o valor presente das entradas de caixa é menor do que o  valor presente das saídas de caixa. 
 
Entre vários projetos, o mais atrativo é aquele que tem maior Valor Presente Líquido.
Taxa Interna de Retorno - TIR
Estabelece a taxa econômica necessária para igualar o valor de um  investimento com seus retornos futuros. Significa a taxa de remuneração  que deve ser fornecido pelo projeto de modo que este iguale o seu  investimento, após um período. A TIR é calculada utilizando-se a mesma  fórmula descrita anteriormente, porém igualando-se o VPL a zero e  utilizando a TIR como incógnita de taxa de conversão.  
Posteriormente a TIR é comparado com a TMA da empresa para verificar o desempenho do projeto, podendo ser:  
- Maior do que a TMA: significa que o investimento é economicamente atrativo. 
 
- Igual à TMA: o investimento está economicamente numa situação de indiferença. 
 
- Menor do que a TMA: o investimento não é economicamente atrativo,  pois seu retorno é superado pelo retorno de um investimento sem risco. 
 
Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a maior TIR.
Método do Payback
O payback é um dos métodos mais simples e, talvez por isso, de  utilização muito difundida. Consiste, essencialmente, em determinar o  número de períodos necessários para recuperar o capital investido. Tendo  essa avaliação, a administração da empresa, com base em seus padrões de  tempo para recuperação do investimento, no tempo de vida esperado do  ativo, nos riscos associados e em sua posição financeira, decide pela  aceitação ou rejeição do projeto.  
A forma mais fácil de calculá-lo é simplesmente acumulando as entradas e  saídas e determinando o período em que houve a transição de um valor  positivo para negativo.
Recomendações para análise de viabilidade econômica
Cada um dos indicadores financeiros resulta em informações diferentes,  que podem ser utilizados de maneira complementar. O VPL é um método que  fornece uma boa noção do montante que será obtido com o projeto, isto é,  o valor que será captado, porém, ele não permite uma comparação fácil  com outros investimentos. Esse aspecto é grande vantagem da informação  obtida na TIR, que fornece um valor facilmente comparável. Mas existem  projetos que retornam um bom montante (VPL altamente positivo) e  rentáveis (TIR acima da taxa de atratividade) mas cujo período de  retorno de investimento é longo, significando que a empresa terá de  amargar um bom período de prejuízo até a obtenção do lucro. Portanto,  sugerimos o cálculo desses três indicadores.  
É importante destacar que todos os métodos anteriormente citados  dependem de estimativas: da demanda do produto pelo mercado, sua  expectativa de crescimento, do preço de venda do produto aceito pelo  consumidor final, dos custos envolvidos na produção do produto, sendo  essencial a participação e o comprometimento de diferentes partes da  organização, principalmente do marketing, engenharias e vendas.
Lições aprendidas
Premissas para o cálculo da viabilidade
A definição das premissas é o ponto mais estratégico para se realizar a  análise de viabilidade. As premissas englobam as previsões da demanda  futura no tempo; o preço de se conseguirá praticar; o custo resultante  da operação e basicamente as taxas que servirão de referência no futuro.  Não é fácil prever todas essas informações e por isso são consideradas  premissas para a análise.
Calcular o fluxo de caixa depois de todas essas definições “é mais fácil”. 
Monitorar a viabilidade durante o desenvolvimento do produto
A  análise da viabilidade econômica normalmente é realizada no início do  desenvolvimento de produto e raramente é “revisitada”. Não tem sentido  financeiro recalcular o investimento, pois o dinheiro gasto não volta  mais. Porém, uma simulação de toda a análise, ajustando as premissas e  verificando de novo os indicadores pode fornecer uma visão de quanto a  empresa “acerta” nas suas previsões. 
Monitorar a análise de viabilidade é importante para se tomar decisões  (por exemplo, nos Gates) durante o desenvolvimento para saber se aquele  produto / serviço ainda é viável ou não diante de possíveis mudanças das  premissas (concorrente lançou algo similar primeiro e os volumes de  venda não serão os mesmos; crises financeiras; mudanças nas taxas de  referência; etc). 
Ponderar a análise com possíveis riscos
Quando realizamos uma análise de viabilidade, partimos do pressuposto  que todas as premissas adotadas estão corretas. Porém, existem riscos  que vão além dessas premissas. Basicamente pode-se agrupar os riscos em  duas categorias: riscos tecnológicos e riscos mercadológicos.
Os riscos da primeira categoria tratam de questões associadas à  probabilidade de sucesso (ou fracasso) da tecnologia e soluções  adotadas. Isso é mais importante de ser analisado no caso de inovação em  tecnologia.
Os riscos mercadológicos consideram o sucesso (ou fracasso) que um produto / serviço pode ter no mercado.
Deve-se portanto ponderar esses riscos, assim como as premissas quando  se realiza a análise de viabilidade dos projetos de desenvolvimento. Ou  seja, aquele VPL calculado (por exemplo) só daria certo se existir  riscos baixos.
Imagine a comparação de dois projetos de  desenvolvimento. O primeiro com um VPL alto e o outro com VPL baixo.  Qual deve ser priorizado? Depende do risco também. Se a probabilidade de  sucesso do segundo for muito maior do que o primeiro, em uma análise de  balanceamento do portfólio de projetos de desenvolvimento, pode ser que  a segunda opção seja priorizada.